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Clara | Capítulo 5

Sara, a irmã de Santiago, estava grávida. Tinha passado uns meses fora de casa, sem que ninguém tivesse notícias suas. Os pais achavam que tinha sido raptada ou que tivera sido assaltada e não conseguia voltar para casa. A rapariga era médica investigadora e o seu último trabalho passou pelo Brasil. Quando voltou, esteve uma semana sem dizer uma palavra. Ninguém sabia o que fazer. Como podiam ajudá-la? Até que o irmão resolveu conversar com a jovem e, a muito custo, a mulher que ainda há pouco tempo era a sua bebé, confessou que tinha sido violada por dois homens negros. Nada conseguiu fazer em sua defesa. Sofreu em silêncio. Durante um mês, magoaram-na repetidamente. Ela já não era a mesma. O seu olhar vazio era mais profundo do que a imensidão do mar. Ele não sabia o que dizer e, simplesmente, abraçou-a. As lágrimas dos dois inundaram os seus rostos, sem cessar.
Sinto, s into que me estou a perder. Por entre milhões de possíveis trevos, d eixo-me ficar para trás. Perco a noção daquilo que quero e tudo fica mais enevoado. S ombrio. Os sinais, que vejo lá ao fundo, querem dar-me a mão e eu não consigo aceitar pegar-lhes. Porque será tão difícil esticar-lhes os dedos? Sei que não irão desistir de mim e um dia hei-de ser forte. Saberei entregar-lhes a minha garra, e num mundo melhor, a magia de um trevo da sorte ainda resistirá.

Chá Para Dois | O Diário Da Inês

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Se os blogues de receitas se comessem, este seria um dos mais deliciosos que conheço. Todos os dias, a Inês Guerreiro brinda-nos com receitas ou dicas de restaurantes, simplesmente, apetitosas. Para mim, é um prazer visitar e (comer, ups!) comentar as publicações desta menina simpática. Esta jovem de 33 anos, é investigadora e conhece os espaços na zona do Porto como ninguém. Querem saber mais? Leiam esta pequena entrevista e, em seguida, visitem O Diário Da Inês . Vão (salivar, ups!) adorar. D.: Para ti, chá de... I.: Camomila. D.: Qual é o teu blogue? I.: O meu blogue é O Diário Da Inês. Nasceu quando fui viver para Inglaterra. Foram apenas três meses em trabalho, como parte do doutoramento. E os meus amigos/família pediram para eu fazer um diário a contar o meu dia-a-dia. Depois, voltei para Portugal e comecei a partilhar receitas, opiniões sobre os locais que visito, viagens, algumas aventuras. D.: Escrever, é uma paixão? I.: Escrever é um hobbie e, na ve...
Borboleta que pairas, que sobrevoas a imensidão, transpareces a simplicidade de um momento. Imagino um dia de verão, igual a tantos outros. Sentada nas escadas, a sentir o calor do sol. A minha face alegra-se, a sensação é aconchegante. Sentir a água escorrer pelo queixo, ao mesmo tempo que mata a sede. Partilhar instantes com as pessoas de quem mais gostamos, sem serem necessários grandes planos. Depois, quando recordamos, um sorriso instala-se, permanentemente. É tão bom viver sem preocupações, aproveitar o mais ínfimo pormenor deste mundo. Sabemos que soube bem, que estamos completos. Um único voo de uma borboleta, faz dela um ser feliz pois é vivo e livre. Um simples minuto com alguém que amamos, faz de nós o quê?
Sempre tentei ver a existência do ser humano como uma composição de labirintos. Esses locais têm um início e um fim, tal como a vida e aquilo que a compõe. O fim de alguma coisa é um elemento crucial para que, automaticamente, surja algo melhor. Devemos percorrer, sem hesitar, o caminho que se vai traçando ao longo do tempo, sem temer o futuro. E ser, sempre, o melhor que podemos ser. Por vezes, existem estreitamentos, é verdade. Obstáculos que, ao serem ultrapassados, fazem com que o trajecto não seja interrompido. Para que isso seja possível, é fundamental que, no mínimo, a palavra "tentar" componha sempre o percurso.
Quem sou eu? Apeteceu-me divagar nesta região do meu pensamento tão vasta. Obter a resposta torna-se bem mais duro do que imaginava. Que espécie de ser sou eu? Na realidade, por mais que tente percorrer as fases desta descoberta, a resposta é sempre nula ou muito pouco objectiva. A verdadeira resposta esconde-se de mim e teima em não surgir. Provavelmente já se mostrou a algumas pessoas. Quando conseguirei saber quem sou eu na totalidade? Nunca? Na verdade, pouco me importa. O que sou, mesmo não sabendo o que é, não me envergonha, não me desilude, cativa aqueles que tem de cativar. E, isso é o que mais me agrada.

Clara | Capítulo 4

Clara era negra. Já tinha passado por muitas situações de preconceito mas ser afastada da pessoa que mais amou na vida, foi brutal. Ela e Santiago viveram uma bonita, e conturbada, história de amor mas o Dr. Melo sempre fez tudo para os separar. Não aceitava que a adolescente fizesse parte do seu círculo mais próximo e nunca sequer a olhou nos olhos. Como podia tê-la tratado tão bem? E oferecido, não só o dinheiro, como uma possível ajuda no futuro? O que mudou, tão radicalmente? Que reviravolta era aquela? A mulher formou-se em direito. E, resolveu usar os seus conhecimentos para perceber qual era a situação atual da família. O que descobriu foi chocante. Um problema gravíssimo assolava aquelas pessoas. Não sabia o que fazer a seguir. Mas queria ajudar.